Os desfiles durante a New York Fashion Week deste ano (2023) apontam para looks com maior simplicidade, praticidade e funcionalidade. Após um mês de desfiles entre Nova York, Londres, Milão, Paris e Los Angeles, segundo estilistas presentes no evento, temas como funcionalidade, intimidade e simplicidade dominaram as coleções. Tanto nas apresentações como nos materiais utilizados pelos grandes nomes da moda. Muita lã, algodão, couro e seda estavam presentes nas combinações, sugerindo roupas do dia a dia. Também há alusão ao retrô, mais precisamente à década de 1950 e ao pós-guerra.
As coleções estão mais vigorosas, demonstrando um tipo de proteção e bastante praticidade. As ombreiras agigantadas da Saint Laurent e Luar remetem a armaduras urbanas, enquanto a alfaiataria de Stella McCartney, Sacai e Proenza Schouler são simples e elegantes.
Caminhando nessa tendência, um bom casaco longo ainda é, e sempre será, um dos grandes aliados num dia frio. Também os capuzes saem do lugar comum, como intimistas, para comporem com vestidos de festa, protegendo até nos momentos mais glam.
As cores são sóbrias, com cinza, preto e branco em destaque. Tons fáceis de combinar, para quem quer elaborar grandes produções. No que tange a acessórios, as maxibolsas retornam, com espaço suficiente para guardar um item de maior volume.
Botas e botinas são grandes e imponentes, com opções que vão das fetichistas às funcionais. Sem falar nas versões extralongas que quase se fundem às calças. Nesta temporada menos é mais. As coleções propõem mais foco na pureza das roupas, como na Saint Laurent, onde o diretor criativo Anthony Vaccarello reduz a nova estação a uma peça que considera essencial, que é a jaqueta.
Vaccarello expõe ainda sua alfaiataria com o Le Smoking, criado pelo próprio Yves Saint Laurent, em ternos escuros, bombers e casacos de couro. Na Dior, saias pretas, camisas de algodão brancas e ternos xadrez deixam claro que a simplicidade pode ser mais interessante do que o excesso de costuras e enfeites. Tudo sem estruturas rígidas, diga-se de passagem.
Nota-se a redução nas barras das roupas, com muitos minivestidos e microssaias, muitos dos quais compensados por mangas compridas. Inclusive os tecidos foram subtraídos nos recortes, nas fendas e aberturas, como mostraram Christopher Kane e David Koma.
Os tops também foram reduzidos a uma única tira ou um minúsculo biquíni, como o de pedrarias da Gucci, que só cobre os mamilos. Sem perder a sensualidade.
Os vestidos, claro, estão dentro das concepções minimalistas. Na maioria das coleções, as alças foram excluídas, deixando o colo e os ombros à mostra. No desfile da Alexander McQueen e Louis Vuitton, os shapes pontudos ressaltam o decote sem recorrer a métodos rebuscados. Na Loewe, Jonathan Anderson coloca uma esfera dourada no decote do vestido, dando a ideia de um simples lençol pendurado no corpo. Muita criatividade.
Nos acessórios, a redução é nas bolsas, com destaque para os modelos de alça única. Tory Burch, Hermès e Versace são algumas das marcas que apostam na simplicidade dos complementos em suas criações.
O conflito entre Rússia e Ucrânia, a inflação altíssima e as incertezas políticas colocaram alguns estilistas em um clima sombrio, remetendo ao período pós-guerra dos anos 1950. Olivier Rousteing resgatou, no desfile da Balmain, criações da década em que Pierre Balmain, fundador da maison, se tornou um dos principais nomes da moda francesa, graças a suas roupas glamourosas e ricas em detalhes.
A cintura bem marcada é um dos elementos-chave do visual anos 50, muito diferente do New Look estruturado de Christian Dior. O mundo mudou e a visão de Dior dos anos 1950, agora, é desestruturada, com formas mais suaves e distantes dos espartilhos sufocantes do passado.
Fonte: Elle
